A Nau

 

Icem as velas, soltem as amarras, levantem a âncora! A Nau vai sair, deixando o Porto Solidão em direção ao Firmamento Divino, onde, ao seu final, uma torrencial chuva harmoniosa de alegria e paz receberá os viajores.

A Nau de Jesus, o Divino Oxalá que, conduzido por marujos de ambas as densidades, ficou aportada no cais da ilusão por muito tempo, vendo marujos em remansado desaviso seviciarem-se da bebida e do prazer fácil, ludibriados pelos jogadores da vida, na agiotagem do espírito, encantados pelas cortesãs da materialidade física e cegos pelo brilho do vil metal terreno, cuja efígie é a de César.

Alguns se perderam por esses caminhos, outros não tiveram o perfil desbravador para adentrarem e, no centro luminoso do convés desta Nau, sentirem-se em casa, em solo concreto, não mais na terra firme do mundo. Muitos em meio à “simulação técnica” do balanço da Nau no mar da vida, enjoaram e não seguraram na mão de Deus. Enjoados, vomitaram a oportunidade recebida.

Agora, findo o tempo, a Nau despede-se da materialidade, desvincula-se da superficialidade e dos dons e prazeres perecíveis. A Nau vai zarpar, lançar-se ao Mar das Vidas, pescando, com redes portentosas, jogadas ao mar por braços seguros de seus marujos, aqueles que naufragaram, ou por não saberem nadar; por deixarem-se iludir pelo suave e enganoso canto da sereia; ou, por não terem mais forças para sustentarem-se na tona, onde reside a verdade.

Redes lançadas, Pescadores de Homens! Homens pescados… e agora? Como tratar-lhes do afogamento da vida? Temos todos nós a coragem e intrepidez do desbravador dos 7 mares? Ou ainda tememos, criando e mantendo em nós um antigo e redivivo vale de sombras e de morte?

Vamos às águas, irmãos! Vamos com a Nau que Jesus deu à Ventania, timoneiro que nos dirigirá, acertadamente, à proposta feita e acordada anteriormente: à Paz, mediante o trabalho!

Para isso, teremos que estar cada vez mais afinizados, ciosos e comungando da disciplina, do estudo e do trabalho. Caso contrário, de Marinheiros do Cristo, nos tornaremos clandestinos, jogando-nos ao mar, pela nossa incúria, ficando à mercê dos tubarões e dos piratas!

No Mar de Deus existem diversas capitanias e ilhotas e aquele que vier a se sentir um rato de porão, será deixado lá, a fim de que não pese na embarcação e que nesta haja espaço para os que querem ser ajudados e ajudar de verdade.

Não somos marinheiros de primeira viagem. Já navegamos outras vezes e naufragamos. Contudo, nesta nova história, tudo mudou. Não saímos ao mar para pilhar e sim para resgatar; nosso Comandante é Jesus e não o mundo; o timoneiro é Ventania e não mais os sombrios piratas de almas; o marujo é o Espírito e não o corpo!

Aquele que sabe e sente que é marujo desta Nau, que tatue, como bom e fiel marinheiro, sua marca em seu Espírito e lance-se, nesta Nau, ao mar! Aquele que não se sente apto ou acredita que enjoará com o balanço do mar da vida, com o demasiado trabalho, estudo e disciplina, salte antes mesmo que este zarpe, pois periga querer saltar justamente quando a Nau estiver sob as profundezas deste mar!

Irmãos, aproveitem o convite e a conclamação a serem viajores desta Nau! Que este seja o convite ao primeiro dia de trabalho com Jesus do resto de suas vidas! Pois a Nau só zarpa uma vez a cada encarnação.

O Mar é inestimavelmente grande…

Caboclo Pena Branca da Matavirgem
(Psicografia de Pai Julio)