Os Trabalhadores Espirituais

 

As Entidades que atuam e trabalham na Umbanda, assumem vestimentas fluídicas astrais que visam a manifestação de um Mistério. É o chamado Triangulo das Formas.

São espíritos que assumem a vestimenta fluídica de Caboclos na Umbanda e foram incorporados às hierarquias regidas pelos Orixás, vindos de todas as religiões e diversas formações teológicas e culturais.
Cada uma dessas religiões recebeu uma ou mais linhas de trabalhos espirituais dentro da Umbanda, cuja característica mais marcante é a incorporação de espíritos.

As religiões que vão desaparecendo da face da terra, vão se condensando no astral e os espíritos que evoluíram nelas vão vendo seus campos de ação junto aos encarnados serem reduzidos, dificultando o trabalho de amparo aos seus afins ainda atrasados.

Quando os regentes planetários criaram a Umbanda e codificaram como “espiritualista”, abriram-na para todos os espíritos que quisessem atuar através dela junto dos encarnados.

O que foi codificado, é que as religiões antigas teriam a oportunidade de criarem linhas de trabalhos espirituais e magísticos, que atuariam sob a regência dos Orixás, mas recorreriam aos seus próprios conhecimentos e aos mistérios das divindades intermediárias que os regiam.

Assim, surgiram muitas linhas de trabalhos e todas foram englobadas no grau de linhas de Caboclos, de Pretos Velhos, de Exus e de Pomba-giras.

Triângulo Fluídico

O Triangulo Fluídico representa os três aspectos em que a Lei da Umbanda trabalha no mundo astral ou da forma (o mundo da forma é a maneira pela qual as Entidades se manifestam aqui no planeta).

Representa a síntese do movimento da Umbanda e foi traçado primeiramente no astral, sendo posteriormente traçado nos céus aqui na América, quando a espiritualidade superior decidiu implantar a Umbanda no planeta. Representa a Vontade, a Sabedoria e a Atividade dos Orixás. Sua conseqüência é o equilíbrio da manifestação.

Manifestação no Triangulo da Forma. Sua representação. Seu efeito no mundo fenomenal:

Caboclos: Manifestam-se entidades da Linha de Oxóssi, contudo portando a Vibração de qualquer dos Orixás e suas potências.
Obs.: As Entidades diretamente ligadas à Linha Vibratória de Ogum, Xangô, Yemanjá, não são caboclos, eles se auto denominam de acordo com a Linha Vibratória que representam como seus Mensageiros e a que pertencem, como Xangô Agodô, Xangô 7 Pedreiras, Ogum Beira Mar etc. Eles não se denominam como Caboclos e sim como Oguns e Xangôs, assim como as de outras vibrações, que se denominam Obaluayês, Nanãs, Oxuns etc. São essas Entidades que se manifestam como Mensageiros e Representantes dos Orixás da Coroa do médium, seja o Eledá, o Ossi ou o Otum.

Crianças: Manifestam-se entidades da vibração do Orixá, expressando a Pureza e a alegria de se servir a Deus e trabalhar pelo Bem.

Pretos Velhos: Manifestam-se entidades da Linha de Obaluayê, contudo na vibração de qualquer Orixá.
Observações: É preciso que se entenda que a forma pela qual as entidades se manifestam (Caboclos, Pretos Velhos e Crianças), não representam sua identidade real ou original. Isto quer dizer, por exemplo, que entidades que se manifestam como Crianças, na verdade não são crianças no sentido cronológico de idade. São entidades de alta evolução, que assumem o corpo fluido de criança para trabalhar nas fileiras umbandistas, são chamados de Crianças no sentido daquele que renasceu para o mundo espiritual.
Os que se apresentam como Pretos Velhos, por exemplo, são geralmente os Sábios Espíritos que assumem essa roupagem no afã de vir ajudar os seus irmãos encarnados na sua trajetória evolutiva.

No Triângulo da Forma temos então:
– Caboclos representando a Simplicidade e a Fortaleza.
– Pretos Velhos representando a Humildade e a Sabedoria.
– Crianças representam a Pureza e a Alegria.
– As formas de Pretos Velhos e Caboclos foram escolhidas quando se estabeleceu a Umbanda para aproveitar a tradição xamânica do povo brasileiro, acostumado aos escravos africanos e índios brasileiros.

Os Guias da Umbanda

Caboclos
São espíritos com as roupagens fluídicas de índios, que lidam com os aspectos positivos dos orixás. Os Caboclos, com a vestimenta perispiritual de índios, são da Linha de Oxóssi, embora atuem na vibração de qualquer dos Orixás, é a sua vibratória, identificável nos pontos riscados.

Existem também Entidades que são chamadas de Caboclos e têm uma ação poderosa na limpeza astral do ambiente do Templo e dos seus médiuns, que são os Boiadeiros, Baianos e Marinheiros ou Marujos.

Teoricamente, o Orixá outorga a muitos a capacidade de manifestar seu mistério. Depende de cada um, a capacidade de realizar um bom trabalho e evoluir mais rápida ou mais lentamente.

O médium pode colaborar muito com a evolução de seus guias espirituais.

 

Pretos Velhos
Assim como caboclo, preto-velho, no Ritual de Umbanda Sagrada, é um grau manifestador de um Mistério Divino.

Como já vimos, nem todo preto-velho é preto ou velho. São espíritos elevadíssimos que se manifestam sob a aparência de negros escravos, trazendo-nos o exemplo da humildade e simplicidade da alma. Trata-se de roupagem fluídica assumida por esses Espíritos.

Seu campo de atuação é vastíssimo e os encontramos originários da Linha Vibracional de Obaluayê.

Sua manifestação desperta a paz, a tranquilidade, a esperança e a perseverança, nos remetendo à reflexão de nossa própria natureza íntima.

Com sua sabedoria e paciência, traz sempre uma palavra consoladora, de fé e de consolo.

 

Crianças
Trata-se sempre de espíritos assumindo essa roupagem fluídica, simbolizando e sinalizando para a pureza de vida.

Enquanto Oxóssi fornecem caboclos para desenvolver os trabalhos nas linhas de força ativa, cada Orixá fornece seus mensageiros, como Entidades que se identificam com sua Linha original, os espíritos na forma de crianças são fornecidos pelas diversas linhas de força da Umbanda, normalmente de acordo com a Vibração da Coroa do médium.

Muitas entidades, que atuam sob as vestes de um espírito infantil, são muito antigas e têm mais poder do que imaginamos em uma “criança”. Mas, como não são levadas muito a sério, o seu poder de ação, às vezes, fica oculto.

Foram, sincreticamente, identificados com Cosme e Damião, santos cristãos curadores que trabalhavam com a magia dos elementos, e como Ibêji, gêmeos encantados do Ritual Africano Antigo.

Trabalham com seu elemento de ação sobre o consulente, modificando e equilibrando sua vibração, regenerando os pontos de entrada de energia do corpo humano. Por isso são considerados curadores.

Na Umbanda, a “corrente” das crianças é formada por seres “encantados” masculinos e femininos.

Mesmo sendo puros, não são tolos, pois identificam muito rapidamente nossos erros e falhas humanas. E não se calam quando em consulta, pois nos alertam sobre eles.

Eles manipulam as energias elementais e são portadores naturais de poderes só encontrados no próprio orixá que os regem.

Caboclos Boiadeiros
Para algumas correntes de pensamento umbandista, esses espíritos já foram Exus em numa transição dos seus graus evolutivos, hoje se manifestam como caboclos boiadeiros.

Essa é a interpretação mais aceitável, mas muitos desses caboclos boiadeiros nunca foram exus e sim atuam nas linhas cósmicas dos sagrados orixás e são regidos por Ogum e por Oiá e seus campos de ação são os caminhos (Ogum) e o tempo ou as campinas (Oiá).

São espíritos hiperativos que atuam como refreadores do baixo astral e são aguerridos, demandadores e rigorosos quando tratam com espíritos trevosos.

O símbolo dos boiadeiros é o laço e o chicote, que são suas armas espirituais e são verdadeiros mistérios, tal como são as espadas, as flechas e outras “armas” usadas pelos espíritos que atuam como refreadores das investidas das hostes sombrias formadas por espíritos do baixo astral.

Eles atuam nas sete linhas e Umbanda.

São descritos como Caboclos da Lei que atuam no Tempo ou Caboclos do Tempo que atuam na irradiação da Lei.

Caboclos Baianos
Tudo nos leva a crer que estes espíritos tenham sido cultuadores dos orixás quando viveram no plano material.

Temos espíritos “baianos” trabalhando em todas as irradiações e uns se apresentam como baianos de Oxóssi, outros de Xangô, Iansã etc., demonstrando que atuam nas sete linhas ou estão espalhados por todas elas.

Pouco foi revelado sobre como surgem as correntes espirituais, mas resumindo temos: Um espírito guia, vai arregimentando espíritos e vai “assentando-os” e dando-lhes a oportunidade de trabalhar sob seu comando ou liderança.

Com isto explicado, entendam que se um espírito missionário iniciou a corrente dos “baianos”, é porque na Terra ele havia sido um babalorixá baiano e continuou a sê-lo no plano espiritual, iniciando um dos mistérios da religião umbandista, pois só um mistério agrega sob sua égide e sua irradiação, tantos espíritos, com muitos deles só plasmando uma vestimenta baiana e adotando um modo de comunicação peculiar e bem caracterizadora da linha a que pertence.

São espíritos alegres, brincalhões, descontraídos e “chegados” a trabalhos de “desmanche”, de kimbanda e de magia negra, que parecem dominar com facilidade e aos quais estão familiarizados.

Caboclos Marujos ou Marinheiros
São espíritos alegres e cordiais que gostam de imitar os marujos nos tombadilhos dos navios em dias de tempestade.

Na verdade, são seus magnetismos aquáticos que lhes dão a impressão de que o solo está se movendo sob seus pés. Fato este que os obriga a se locomoverem para a frente e para trás, tal como fazem as sereias quando incorporam em suas médiuns.

Os marinheiros podem ser espíritos de antigos piratas, marujos, guardas-marinhos, pescadores e capitães do mar, como pode ser apenas uma vestimenta fluídica assumida por espíritos inseridos no trabalho de Umbanda e que tenha afinidade com os elementos de do mar.

São Caboclos dirigidos pelos Guias e Protetores da Linha de Yemanjá.

São ótimos para casos de doenças, para cortar demandas e para descarregar os locais de trabalhos espirituais.  

Ciganos

Desde algum tempo o Povo Cigano, que trabalha na Linha de Oriente, se achegou ao Movimento Umbandista. De início se inserindo na Linha de Exu como Exus Ciganos e Pombagiras Ciganas, o que não quer dizer que todo Exu Cigano ou Pomba Gira Cigana sejam Ciganos de origem ou pertençam a clãs espirituais de Ciganos.

Eles se alistam nestas falanges por afinidade. De algum tempo para cá, a Cúpula Astral da Umbanda admitiu a existência da Linha dos Ciganos, junto às Linhas que formam a Trilogia das Formas, ficando lado a lado com a Linha dos Exus e dos Mentores de Cura, mas cada qual com suas atividades específicas.

Também os Ciganos vêm chamar a nossa atenção para a seriedade da vida, para o caminhar destemidamente vencendo os obstáculos – cigano é um ser das estradas, dos caminhos, sempre em busca de melhores lugares para acampar, o que nos traz a mensagem da caminhada espiritual interna, sempre em busca de patamares evolutivos maiores, em direção da nossa Essência Divina, a Casa do Pai.

Desbravando as matas dos problemas e empecilhos da caminhada – é o símbolo do punhal do Cigano – que outrora cortava as matas nas estradas em que seguiam, e os defendiam de animais perigosos e bandidos, torna-se, hoje, um grande instrumento magístico de trabalho cigano, de energia desbravadora e apontadora de caminhos, o que difere da ponteira do Exu que age para a captação de energias pesadas para direcioná-las à queima.

O povo Cigano tem como Padroeira a Santa Sara Kali de uma forma geral. Cada benfeitor cigano tem sua vibração essencial nos 7 Raios, como ocorre com os outros Guias de Umbanda, têm uma cor especial e uma pedra individual.

Exus & Pomba-Giras
Na concepção original do termo, não se classifica Exu em um “tipo de entidade”. É um princípio vibratório que obrigatoriamente participa de tudo. É a força que impõe o equilíbrio às criaturas. Por isso Exu quer dizer “esfera”, que gira, assim como o mundo.

Cada um dos trabalhadores de Umbanda tem ao seu lado, seu amigo Exu, de forma individual em vida e coletiva, na complexidade simples da ação do mundo espiritual que vem a nós encarnados ajudar na nossa religação com Deus. Cada um dos Orixás, com seus correspondentes padrões vibratórios, tem “ao seu lado” seus Exus Guardiões, na “defesa” da sublimidade e pureza de suas vibrações para que estas, em ordem decrescente e hierarquizada, venham do Reino Virginal até à nossa mortalidade encarnada a fim de nos guardar do mal e reconduzir “ilesos” à casa do Pai, na vivência da vibratória do Orixá correspondente a cada um de nós.

É o Exu, o Executor das Leis Cósmicas. É o chamado Exu Guardião, aquele que guarda a vibratória do Orixá e nunca encarnou e nem irá encarnar. Não se trata de uma pessoa em sua unicidade, mas sim de “pilar polar” de defesa, como disse, da pura e cristalina vibração emanada do seio divino e viabilizada pelo atributo do Orixá, a cada ser vivente do mundo. Por conta dessa função desempenhada desde “lá” até “aqui embaixo”, o Exu (como nomenclatura de nossa religião, mas co-existindo em todas as religiões com alcunhas diversas), exerce a neutralidade do seu trabalho, caracterizando-o pelo seu equilíbrio. Como diria um Exu amigo, “manter em cima o que é de cima, deixar embaixo o que é de baixo”. Por isso, ele não é nem bom nem mau, não é “o Bem nem o mal”, nem positivo nem negativo. É neutro. Sendo neutro, é justo. Sendo justo, é o equilíbrio. Ele vitaliza ou desvitaliza a cada indivíduo que exista, sempre cumprindo as ordenações da Lei.

Os Exus dos Aconselhamentos são chamados de Exus de Lei, ou Exus de Trabalho, pois já estão prontos para desempenharem seu importante papel junto às pessoas. São aqueles nossos amigos alegres porque vivem de acordo com a Lei e vem nos ensinar justamente isso.

Os Exus de Lei são espíritos como nós, na sua caminhada evolutiva também que, ao adentrarem no Movimento Umbandista para trabalhar, inseridos na Linha de Exu, são “vibrados” pelo Exu Guardião ligado Orixá do Médium, recebendo assim “ordens e comandos”, para nessa seara trabalharem (o que chamaríamos de “aval”). Sempre em nome de Jesus, do seu Evangelho, das Sagradas Leis onde se insere nossa Umbanda querida.

São espíritos com um percentual de esclarecimento e comprometimento com o Cristo considerável e de elevado tônus espiritual, uma vez que recebem a alcunha de “Guia”, ou seja, tem plenas condições de orientar qualquer pessoa à Luz do Evangelho. Eles recebem a irradiação do Exu Guardião (aquele que não incorpora) para poderem trabalhar. Um exemplo, o Sr. Exu Tranca Rua, é um espírito como qualquer um, que recebe a irradiação do Exu Guardião para trabalhar como Exu na Umbanda dentro da Falange de Exu Tranca Rua. Daí, o Sr. Tranca Rua se “tornar” um Exu. Ou seja, recebe o nome do agrupamento religioso (dentro do movimento religioso em que atua) para seu trabalho. Algumas escolas umbandistas chamam de “exunização”. E os chamados Exus de Trabalho são guardiões, defensores e amigos fiéis do médium, do Templo em que atua, daqueles tutelados que pela fé e desejo de reforma íntima de bom grado aceitam sua palavra amiga e descontraidamente livre, lhes mostrando que o caminho é Jesus.

Exu fala o que tem para falar. Faz o que tem que fazer. Aplica o que tem que aplicar: a Lei. Vê-se que o papel dos Exus é mais atuante do que se pensa. Além de serem amigos conselheiros, mensageiros e guardiões (defensores), ainda possuem uma destacada atuação junto a nós, pois são executores kármicos, em nome de Deus e por Sua Vontade. Eles são os chamados Agentes da Lei (Exu é o Agente da Lei nas sombras). Nas sombras dos umbrais, nas sombras do Plano Físico, nas sombras de nossas vidas e pensamentos. É ele quem vem nessas sombras nos resgatar delas. Só eles podem vir nessa taciturna região resgatar os aflitos e levá-los de volta para a Luz e, cheios de amor e compaixão, mas neutros pela Legislação Divina, deixando ainda nas agruras da afinidade do submundo, aqueles que ainda não tem condições de respirar o ar puro da verdade libertadora. Contudo, o dia deles virá. E são eles, os Exus, que abrirão caminho e permitirão que esses irmãos ainda no infortúnio da ignorância atravessem a porta estreita e se reencontrem com Jesus. Mas isso o tempo é Senhor… E “o tempo não tem tempo, mas o tempo é implacável”, palavras de “Seu” Malandrinho!

Por isso que se nós andarmos na linha justa, se nos habituarmos a cultivar pensamentos, sentimentos e atitudes equilibradas o efeito de nossas causas será profícuo ao longo de nossas vidas (o que não quer dizer que não tenhamos problemas, que não venhamos a adoecer: “Neste mundo tereis aflições, mas confiem, eu venci o mundo!”, Jesus), e nosso amigo Exu nos ajudará em tudo, sempre fiel ao nosso lado. Mas, se caso assim não procedermos certamente esse mesmo amigo Exu entrará em ação, como Agente da Lei, efetuando a cobrança da mesma para conosco, sempre em nome da Lei Cósmica Divina. Com um detalhe mais que interessante e importante, para que venhamos a ter a pia certeza da presença amiga deles junto a nós: sempre fiel ao nosso lado.